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ESG: O que você precisa saber

Os investimentos que são acompanhados com a sigla “ESG” são o hit do momento, desde que Larry Fink o CEO da Blackrock, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, comunicou no início de 2020, aos clientes e aos CEO´s de suas empresas que o futuro estaria atrelado a um novo padrão de investimento, que tivesse compromisso com sustentabilidade.

Além de provocar seus concorrentes, outras gestoras gigantes, teve o poder de influenciar o mercado global e o conceito, que já existia, se espalhou com uma velocidade incrível.

O ESG – Enviromenmtal, Social and Governance na sigla em inglês, dispensa maiores explicações, pois essas três letras já são muito fortes, meio-ambiente, social e governança, na tradução livre.

Todas as pessoas gostariam de viver em um mundo em que as empresas tivessem respeito e cuidassem do meio-ambiente, fazendo uma exploração sustentável e adequada dos recursos naturais. Igualmente, todos apoiariam empresas que pensam e agem para modificar socialmente seu entorno, que façam a adesão de políticas que atinjam seus colaboradores, promovendo igualdade e oferecendo condições dignas de trabalho e renda. Por fim, seria um sonho viver nesse mundo em que as empresas e governos tenham claro e definido um sistema de governança, que ofereça regras e normas de condutas que conduzam a tudo que dissemos anteriormente e a produtividade e lucratividade.

No entanto, precisamos lidar com a realidade, entender que não se trata de um posicionamento ideológico e puro, onde as adesões a estes padrões se dariam a qualquer custo.

Esse conceito de ESG é um upgrade do “Balanço Social” nascido no final dos anos 90 e que, de fato, não foi para frente, poderíamos dizer que “não pegou”, pois não estava claro qual o prêmio.

É verdade que alguns empresários e organizações se dedicam a estas causas de forma bastante sincera, chegando a entregar parte de seus resultados, no curto prazo para isso acontecer, mas não é assim com a maior parte delas.

É importante entender o atrativo do ESG e, desde já, não há nenhum julgamento de valor, precisamos entender e conhecer como tudo isso funciona.

Para determinar quais são os padrões ESG e quais empresas os atende, foram criados alguns índices por bancos e corretoras de renome, da mesma forma algumas agencias de certificação criaram suas fórmulas e metodologias que classificam as empresas em um ranking ESG.

No Brasil a B3 (Bolsa de Valores) utiliza o índice da S&P (Stand & Poor) que, de saída, exclui algumas empresas por não atender a padrões de sustentabilidade, como indústria de armas e tabaco.

As empresas que acessam e se candidatam a esse padrão ESG são, principalmente as S.A, pois seus dados são abertos, elas dão publicidade a tudo que fazem e é possível acompanhar de forma objetiva as suas realizações.

As vantagens de constar em boa posição em uma classificação ESG são várias, há um reconhecimento pelo mercado, há propaganda positiva, pode ser utilizado como instrumento de captação e retenção de talentos, principalmente das novas gerações e o mercado está disposto a pagar um prêmio para essas corporações.

Os investimentos e novos projetos nas grandes empresas são constantes e, portanto, a necessidade de recursos e o mercado de capitais oferece condições de captação de recursos a um preço melhor que o mercado.

Com o critério ESG, essas empresas com capital aberto e que já vem agindo com padrões de sustentabilidade reconhecidos, podem obter recursos com uma redução de custos, é esse prêmio que agora fica claro e que deve levar a adesão de muitas empresas.

Para obter recursos a um custo mais baixo, a empresa deve ter um histórico de atuação e resultados com o tema e se comprometer a alcançar determinadas metas do ESG no médio prazo.

A Suzano Papel e Celulose emitiu bônus de US$1 bilhão, as “sustainability-linked notes” se comprometendo com redução no consumo de água na produção de papel e aumentar a participação de mulheres nas funções de chefia e gerência. Esses títulos que vencerão em 2032, foram captados com um juros anual de 3,28% enquanto os juros regulares seriam, possivelmente, 3,40%.

A produção de papel demanda muita água, que é um recurso escasso e caro.

A empresa ao consumir menos água no processo de produção de papel e celulose, conseguirá ter um custo menor, além de estabelecer padrão de produção superior o que poderá aumentar o valor percebido pelo seu produto e deve gerar resultados melhores aos acionistas.

A lógica subjacente do ESG é simples assim, incorporar novas e modernas tecnologias que permita o menor consumo de matérias primas, ou um consumo sustentável, no processo produtivo e ainda assim aumente a produção. Aumentar a diversidade nos postos de gestão, faz crescer a forma como os problemas e as soluções, são vistas e deve trazer igualmente vantagens. Ter uma Governança que dê transparência à gestão, atenda aos padrões, legislação e certificações determinados pelo setor são fundamentais.

Não imagine que as empresas e corporações com esse selo tem um compromisso com um mundo sustentável a qualquer custo, os acionistas querem também aumento de lucratividade e não há nada errado nisso.

Outro exemplo é a Raizen, que está fazendo seu IPO nos próximos dias, vem para o mercado com uma classificação de “carbono free” com uma oferta que pode chegar, ou passar, R$ 100 bilhões. Inevitável a pergunta; como uma empresa que distribui e comercializa combustíveis (postos Shell) pode entrar nesse seleto grupo?

Com um faturamento de R$ 115 bilhões, ela além de produzir álcool é uma das maiores geradoras de energia de bagaço de cana e é a mais adiantada na produção de etanol de 2ª geração, a partir da celulose de cana, tem excelente padrão de governança e neutraliza sua pegada de carbono.

Nem tudo são flores, a sociedade com a Shell não é vista com naturalidade e o preço pode ser um desconto nos valores das ações.

Os padrões de avaliação do ESG adiciona, sem dúvida, fatores muito positivos nas corporações à medida que as estimula a ter um comportamento mais sustentável. No entanto, elas não o fazem pelo amor ao verde ou pela crença na diversidade como instrumento de mudança, ou pela adoção de padrões de Governança que respeitem todos os stakeholders somente.

A adoção de novas tecnologias que demandem menos insumos, gerem menos rejeitos, ou o tratamento desses rejeitos, são a chave para que a empresa, dependa menos de commodities e seja mais lucrativa.

Em relação à diversidade dos colaboradores estão criando uma cultura empresarial forte com apelo ao pertencimento e dessa forma receber em troca de boas políticas, maior grau de engajamento, o que faz uma tremenda diferença. Ações de atenção a comunidades do entorno, reforçam essa política, emprestam respeito e geram uma tremenda e positiva propaganda.

A Governança deve receber o cuidado que vai desde a composição do Conselhos e dos Comitês com diversidade na participação de membros, até o respeito aos pequenos acionistas, também é premiado na hora de obter recursos.

No entanto, essa classificação tem algumas flexibilidades que não estão muito claras, a Barry-Callebaut é uma grande indústria de chocolates Belga com mais de EUR 2 bilhões de faturamento que se empenha em ações de sustentabilidade e está muito bem classificada no ranking ESG, como baixo risco. No entanto o cacau que ela utiliza tem origem na África, mais especificamente na Costa do Marfim e Ghana onde se estima que haja mais de 2 milhões de crianças trabalhando nesta indústria. A empresa reconhece isso e se comprometeu a eliminar o trabalho infantil até 2025, alega que a pobreza e fatores culturais atraem as crianças para esse trabalho, mas que está trabalhando com os Governos, comunidade e líderes locais para erradicar o trabalho infantil e não há razão para acreditar no contrário.

Será que essa mesma flexibilidade seria dada a todas as indústrias que têm na sua cadeia trabalho infantil?

Outra curiosidade é a classificação de bancos, vários deles tem classificação média, como o Banco do Brasil, por exemplo. No entanto, os grandes bancos globais financiam empresas de armamento, financiam empresas de tabaco, tem papéis de Governos não democráticos, ou que não protege a integridade e igualdade de mulheres e outras minorias, não respeita direito humanos. Alguns até estão sob investigação sobre lavagem de dinheiro, mas criam carteiras ESG e tem classificação média.    

O conceito é bom, mas não é linear nem simples, imagine se alguns bancos fossem seguir 100% os conceitos de ESG e outros não, os primeiros iriam fazer transações exclusivamente com empresas com boa classificação ESG a um custo menor e supostamente teriam uma lucratividade menor, embora, também supostamente, os indivíduos adorassem investir nestes bancos.

Os bancos que não seguissem 100% dos conceitos de ESG seriam os fornecedores de recursos para as empresas igualmente fora desta classificação e, portanto, a oferta seria mais onerosa, pois haveria menos concorrentes a oferecer crédito a essas empresas. Ao final, esses bancos teriam uma rentabilidade maior, supondo que a qualidade de gestão e disponibilidade de recursos fosse equivalente.

Certamente, veremos que algumas empresas aqui e no exterior, não cumprirão suas metas, haverá alguns escândalos, alguns interesses inconfessáveis serão descobertos, mas é um bom começo e é bom que as empresas médias e grandes que ainda não estão classificadas comecem a pensar nisso, com calma, planejamento e dentro de suas possibilidades.

Para as pessoas físicas, que querem investir em fundos e empresas que contribuam para um mundo melhor, selecionem bem e se preparem para alguma decepção, mas não desistam, são essas pequenas ações que ajudam a mudar o mundo.

Carlos A Dariani – Diretor Moneyus Consultoria

Boas notícias para a Economia no 2º semestre

As boas notícias da economia, com o crescimento acima do esperado do PIB no 1º trimestre de 1,2%, reforçam a necessidade de uma revisão mais positiva para o cenário de 2021.

Embora os indicadores conjunturais apontem para uma retomada  estruturada, alguns analistas e economistas, preferem se agarrar às incertezas, que sempre estarão presentes.

O objetivo deste artigo é orientar as empresas para se preparem para um 2º semestre mais aquecido, isso significa mais atividade econômica e mais oportunidades.

A economia apresenta fundamentos que sustenta uma perspectiva positiva e que iremos explorar neste artigo

O PIB do 1º trimestre apresentado pelo IBGE mostra crescimento de todos os setores da economia e reforça a consistência da recuperação no trimestre, a Industria cresceu 0,7%, o setor de Serviços 0,4% e o Agropecuário 5,7%, esse crescimento sobre o PIB de 3,2% no quarto trimestre de 2020.

O IBC-BR, que é uma previa do PIB elaborada pelo Banco Central indica um crescimento de 0,44% em abril, mesmo com o recrudescimento de medidas de paralisação de setores econômicos em alguns estados durante o mês em razão da pandemia. Em comparação com abril de 2020 o crescimento foi de 15,92%.

A previsão para o PIB, que no final de 2020 era de 4,5% foi revista para menos de 4% e em artigo de março de 2021, no Linkedin,   https://www.linkedin.com/pulse/o-que-esperar-para-2021-carlos-dariani/?trackingId=f0wubpcp5Am4urPhEJ%2BtzQ%3D%3D, alertamos que não havia fundamento para a redução da previsão do PIB.

Para 2021, diante do cenário atual, a previsão foi alterada para 4,5% pelo Banco Mundial, mas há previsões de crescimento de 5%.

Fonte: Banco Mundial

Surgiram algumas análises na mídia em relação à estimativa acima do Banco Mundial, alegando que o Brasil crescerá menos que Chile, Argentina, Peru, Colômbia e México, no entanto é preciso esclarecer que em 2020, o México teve um PIB de -8,3%, a Argentina de -12,3%, o Peru de -11,1%, da Colômbia de -6,8% e do Chile de -5,8%. Considerando o PIB de 2020, o Brasil será o único país, dos mencionados, que tem uma estimativa de crescimento que supera a queda do ano anterior.

Outro fator importante foi o forte crescimento da FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) que é o nome técnico para investimento que foi puxado principalmente pelo setor de Máquinas e Equipamentos, alcançando 17% sobre o mesmo trimestre do ano de 2020 e 4,6% sobre o 4º trimestre de 2020. A taxa de investimento do trimestre (FBCF/PIB) foi de 19,4%.

Isso revela que os empresários estão acreditando no crescimento da economia e estão investindo em máquinas e equipamentos, nacionais e importados.

Como era esperado o Consumo das Famílias foi negativo em 0,1% e o Consumo do Governo negativo 0,8% no 1º trimestre. O Auxílio Emergencial que foi retomado em abril e a recuperação dos empregos, aliados a um quadro de recuperação econômica devem reverter o Consumo das Famílias para um índice positivo no 2º semestre. Em relação ao Consumo do Governo, não se pode esperar muito, com o teto de gastos e o crescimento das despesas obrigatórias sobra muito pouco, e cada vez menos, para o Governo Federal, no entanto os Estados e Municípios tem caixa e devem contribuir para estabilizar o Consumo do Governo

No front externo, nosso comercio exterior está exportando como nunca, o crescimento das exportações de janeiro-maio de 2021 em relação a 2020 foi de 30,6%, as importações cresceram 20,9% e o saldo da balança comercial foi de US$ 27,1 bilhões, crescimento de 71,7% em relação a 2020.

Na comparação com a série histórica, desde 1997, no mesmo período esse foi o maior valor exportado e o maior saldo comercial, segundo a Siscomex.

Com o preço das commodities em alta, o câmbio favorece as exportações e soja e minério de ferro vão puxando a fila, no entanto, não apenas o preço fez a diferença o volume exportado também é o maior da série histórica desde 2017 segundo o Monitor de Comercio Exterior do Governo Federal.

Com esse quadro de elevado saldo comercial,  a volta dos investidores na bolsa de valores, o Investimento Estrangeiro Direto que cresceu 49,1% entre jan/abr de 2021 comparado a 2020, depois de uma queda grande em 2020 com relação a 2019. Aliado a uma política fiscal e monetária expansionista dos EUA e o saldo das transações correntes positivo, o câmbio volta a um patamar menor e a estimativa é que o Dólar termine o ano em R$ 5,2 / R$ 5,3, oscilando durante o ano até menos que R$ 5,0

A inflação será um grande desafio para o Banco Central, a meta de 3,75% para 2020 com a banda de variação superior de 1,5% permitiria que se chegasse a 5,25%. A desorganização da economia, a reposição de estoques, o preço em alta das comodities, a crise hídrica e a retomada do preço internacional do petróleo, pressionarão muito os preços. A expectativa é que o IPCA arrefeça no 2º semestre, mas a previsão é que ele termine entre 5,0% e 5,5%, mas há incertezas sobre a efetividade das ações do BC e do comportamento dos preços, portanto, essas estimativas podem sofrer alterações.

Esse aumento da inflação, por sua vez, vai fazer com que o BC, como já anunciado, aumente a Selic para um índice maior que a inflação, devendo chegar em 6,5% até o final do ano.

A taxa de desemprego, embora apresente uma queda em relação ao planejado em 2020, ainda é muito alta e será outro grande desafio dos governos, principalmente para os informais. À medida que a vacinação for avançando deve haver melhoras, mas insuficientes para chegarmos ao nível pré-pandemia.

O quadro fiscal apresenta boas notícias face ao crescimento das Receitas do Governo, que tornou a base estatística maior e reduziu a dívida em percentagem do PIB. Era esperado em 2020 uma dívida na casa dos 90% do PIB ou pouco menos e agora é esperado terminarmos 2021 entre  82% / 84%.

Os dados mostram que a recuperação do Brasil é maior que média dos países da América Latina e da OCDE, nada parecido com algumas notícias distorcidas, no entanto, mesmo crescendo 4,5% ou mais voltamos ao patamar de 2019, é como se perdêssemos praticamente 1 ano.

O país tem muito a fazer, o desemprego é uma preocupação real que será castigado por uma inflação em alta no curto prazo, o quadro fiscal, embora apresente boas notícias, continua estruturalmente merecendo cuidados e acompanhamento. Por outro lado, a aprovação da privatização da Eletrobrás, o andamento das reformas Administrativas e Tributária trazem novo fôlego para a economia e boas perspectivas.

O contexto geral indica um 2º semestre mais aquecido e com boas perspectivas de retomada e crescimento.

Carlos A Dariani

https://www.linkedin.com/posts/carlos-dariani_economia-finanaexas-planejamentofinanceiro-activity-6813517881398067200-J9ag/

SPAC, A SENSAÇÃO DO MOMENTO

Este artigo foi publicado orginalmente no linkedin https://www.linkedin.com/posts/carlos-dariani_spac-%C3%A9-o-hit-do-momento-no-mercado-financeiro-activity-6788440586631294976-cquE

Em épocas de juros baixos e consequente baixa rentabilidade, o mercado financeiro busca novos produtos, revive outros, dando continuidade aos modismos que sempre existiram.

No início deste ano o caso da Gamestop mostrou um movimento de muitos pequenos investidores que, se comunicando pelas redes sociais, manipularam o mercado de ações dos EUA, comprando ações da empresa e inflando, artificialmente, o preço das ações. A empresa que tinha uma avaliação muito ruim dos analistas, afinal ela vende jogos físicos em um mercado que está migrando para o digital e de repente, passou a valer mais de US$ 24 bilhões, mesmo não entregando lucros desde 2019. Isso tem tudo para acabar mal, nas mãos de alguns.

Agora a bola da vez é a SPAC (Special Purpose Acquisiton Company em inglês) também chamada de companhia de “cheque em branco”.

Embora elas existam há muito tempo, agora viraram sensação do mercado, recebendo muitos bilhões de dólares de investimento nos EUA.

As SPACs são empresas de participações, criadas com o único objetivo de levantar recursos para adquirir outras empresas, por meio de um IPO.

Elas levantam recursos no mercado, que confiam nos seus criadores e por sua vez são bancos de investimento, investidores conhecidos e reconhecidos do mercado. Os investidores acreditam que esses players terão sucesso em garimpar no mercado as boas opções para um IPO e antecipam os fundos para isso.

Nos EUA, a regra determina o período de dois anos para que uma SPAC  conclua seu objetivo, ou seja adquirir outra companhia por meio do IPO, caso contrario o fundo se desfaz e os fundos retornam aos investidores

Elas são chamadas de companhias de “cheque em branco” porque o investidor não sabe qual empresa será alvo do IPO, nem seus criadores.

Um IPO normal, demanda que a empresa alvo se prepare para esta etapa, elas precisam ajustar procedimentos, auditar balanços, preparar due dilligence, contratam bancos de investimento e grandes escritórios de advocacia especializados, se ajustam às normas das agências que controlam o mercado de ações como a SEC e a CVM no Brasil e estes trâmites podem levar até 2 anos.

Com as SPACs esse processo é mais rápido, alguns meses, o valor é definido antecipadamente e os fundos já estão disponíveis.

Alguns analistas classificam esse movimento como uma inovação, mas é preciso muito cuidado.

Embora os criadores de uma SPAC sejam, em geral, reconhecidos pelo mercado a operação do IPO fica restrito a eles, suas análises, suas expertises e suas deficiências. A seleção da empresa alvo é exclusiva da SPAC, assim como o valor do IPO e demais condições.

Os “cotistas” da SPAC votam pela aprovação ou não da compra, mas pode ser um processo inócuo, principalmente se há milhares de cotistas sem nenhuma condição de avaliar a compra.

Tudo isso gera certa apreensão, pois não é submetido ao mercado, não recebe críticas e avaliação dos analistas, lembrem do caso da “Wework” e de seu IPO frustrado.

Embora o mercado financeiro seja repleto de profissionais e empresas muito competentes, não podemos esquecer 2008 e a bolha dos derivativos.

Charlie Munger, sócio da Berkshire Hathaway (Warren Buffet), disse em uma entrevista em fevereiro

A especulação louca em empresas que ainda não foram encontradas ou selecionadas é um sinal de uma bolha irritante “,

depois completou,

” Os profissionais de banco de investimento venderão m… se m… for possível de ser vendida.”

As startups e outras empresas com bons produtos e serviços, boa projeção de crescimento e que estejam maduras para um IPO, não são a regra, pelo contrário, são poucas e disputadas.

Como as SPAC tem dois anos para realizar a aquisição, um dos riscos inerentes é fazer a opção por empresas nem tão boas, nem tão preparadas para um IPO para aproveitar a limitação do tempo.

No cenário global de recuperação econômica por conta da pandemia, em ambiente que continua incerto e com a baixa rentabilidade dos produtos financeiros, de forma geral, é natural que alguns busquem segurança e outros ampliem seus riscos por mais retorno, conforme a aversão ao risco de cada um.

No entanto, em qualquer decisão de investimento é preciso conhecer e entender claramente os riscos, por essa razão analisem com cuidado o “hit” do momento, ele pode acabar mal.

Carlos A Dariani – Diretor da Moneyus Consultoria Financeira

As médias indústrias precisam mesmo do padrão 4.0 ?

As médias industrias tem grandes oportunidades de eficiência nas suas operações antes de partirem para grandes investimentos em busca do padrão “4.0”.

O setor industrial tem um cenário promissor para este ano de 2021, a pandemia tem castigado algumas indústrias, mas tem sido benéfica para muitas outras.

A previsão é que esse quadro de desiquilíbrio entre os subsetores seja continuado, mas com a reversão gradativa no segundo semestre de 2021, para uma situação de maior normalidade.

O que é comum à todas as indústrias é a contínua pressão pela “indústria 4.0”, a mídia já adotou esse bordão e isso é vocalizado por gurus e especialistas que, em alguns casos, não conhecem a realidade de “chão de fábrica” das pequenas e médias empresas.

A definição da “indústria 4.0” é de significante transformação na forma como produtos são produzidos e entregues, integrando tecnologias e automação industrial. Essa integração tecnológica passa pelo IoT (internet das coisas), M2M (machine-to-machine), Big Data (banco de dados analisável) e tantas outras interações e integrações.

No entanto, ela não pode ser aplicada para todas as indústrias da mesma forma, nem com a mesma urgência.

As indústrias que produzem commodities, como aço, indústria química e papel e celulose, por exemplo, não tem como competir em um mercado, onde a formação de preços se dá de forma global, se não forem extremamente eficientes, dentro do padrão de seus concorrentes internacionais.

A cada ineficiência, neste tipo de indústria, a margem diminui e compromete a capacidade de fazer os investimentos constantes que são exigidos. Nestes casos, a adoção de práticas da indústria 4.0 é uma necessidade imediata e determinante para a sua sobrevivência e competição.

Outras indústrias, que trabalham com bens de consumo, podem ter a necessidade mais urgente para evolução 4.0, conforme o tipo de mercado, de produto e qualidade.

Com exceção destas indústrias em que a evolução para um padrão 4.0 é essencial para sua sobrevivência no curto e médio prazo, há muitas outras que operam nichos ou subsetores que podem fazer essa evolução de forma mais gradativa, principalmente as pequenas e médias.

O Planejamento Financeiro e de Operação é o fator determinante para que esse processo seja adequado, sustentável financeira e operacionalmente.

O objetivo deveria ser a busca de eficiência sobre o que já existe e gradativamente incorporar melhorias, de forma a aumentar a produtividade, que trará aumento de margem e, consequentemente, condições de melhores investimentos de toda ordem.

O caminho para isso começa lá na sala de reunião da Diretoria, com a instalação de uma Governança adequada, definindo as regras de como a empresa vai operar. Aliado a isso ter um Planejamento Estratégico, ou seja, uma indicação clara e objetiva para onde vamos e como queremos chegar lá? Isso irá permitir atribuir metas e responsabilidades, quem cuida de que área e que resultados são esperados ao longo de um período para que se atinja a meta.

Os vários setores de uma fábrica setores podem melhorar muito sua eficiência se trabalharem orientados e com um foco único.

A instalação de um super software de controle de produção não será eficiente como deveria se a expedição continuar a adotar as rotas de sempre, sem buscar a entrega rápida e no prazo. A aquisição de um  robô de última geração e controlado pelo celular do gerente de produção também não será tão eficiente enquanto continuarem as paradas de produção, por um plano de manutenção inadequado, ou níveis de estoques mal dimensionados, ou pela demora excessiva na troca de ferramentais.

Alguns profissionais, “crias da casa”, precisarão ser substituídos neste processo, ou por apenas reproduzirem um modelo que já não funciona mais, ou porque não conseguem acompanhar as mudanças.

As melhorias, deveriam ocorrer com as condições existentes com a aplicação de muita gestão, revisão do processo, definição de metas e acompanhamento contínuo. Os investimentos nesta fase deveriam ser orientados para que a indústria ganhe eficiência esgotando suas condições atuais, em pontos que apresentam gargalos ou sejam críticos.

O mais importante é que a indústria crie uma cultura de planejamento, metas, eficiência e organização, sempre olhando para seu mercado e se possível o expandindo, antes de se comprometer com enormes investimentos que não trarão a eficiência desejada se o ambiente e a cultura não for orientada para isso.

A evolução é inevitável, mas ela pode ser gradativa, ser economicamente viável e financeiramente oportuna, mas começa pelo Planejamento.

Carlos A Dariani

artigo publicado na CIMM – Centro de Informação Metal Mecânica https://www.industria40.ind.br/artigo/21214-as-medias-industrias-precisam-mesmo-padrao-40

 

 

Agora é a hora – Planejamento em 5 fases

Agora é a hora – Planejamento em 5 fases

Esse ano foi, até agora, um desafio. Iniciamos com uma previsão de crescimento da economia de 3% que não se concretizou, mas independente disso os setores de serviço, comercio, indústria e agricultura reagiram.
A greve dos caminhoneiros atrapalhou a segunda tendência de crescimento, o Governo em ritmo de fim de festa, com baixa popularidade e controlando o caixa para que déficit seja o previsto, foi mais um ingrediente neste caldeirão de instabilidades. Para completar, o quadro eleitoral afetou todos os humores, desde a indefinição de candidatos, passando pelo protagonismo do Judiciário. A cada pesquisa, o mercado com os nervos à flor da pele, reage e o resultado é o dólar valorizado, a bolsa de valores oscilando, o mercado em compasso de espera.

O nome disso é falta de cenário, os candidatos de centro e centro direita oferecem exatamente esse antidoto e, por isso, o mercado reage bem a eles.
A economia está pronta para engatar uma fase de crescimento, há capacidade ociosa nas empresas, há um contingente de desempregados ávidos por uma recolocação, há projetos nas gavetas aguardando, há reformas inevitáveis a serem feitas e por essa razão outubro é esperado com ansiedade.
Independentemente do resultado das urnas, o país precisará caminhar, sua empresa terá que pagar salários, impostos e fornecedores, seus clientes continuarão demandando seus produtos e serviços. Com maior ou menor crescimento a vida continua.

Com todo esse quadro, o planejamento para 2019 é fundamental e agora é a hora de começar a fazê-lo. Não é preciso aguardar o resultado das eleições.

O primeiro passo é definir uma agenda de trabalho que defina as datas de todas as fases e uma data alvo para que o planejamento esteja pronto, o setor financeiro e/ou controladoria são os responsáveis por isso em conjunto com a Diretoria.
O segundo passo, muito importante, é comunicar aos gerentes de cada área o que se espera deles e quando. As inevitáveis afirmações da equipe de falta de tempo, falta de gente e falta de conhecimento terão de ser superadas, principalmente se é a primeira vez.

Fase 1 – Reunir informações
Começa com a reunião dos dados e informações, para o setor comercial, por exemplo, quanto foram as vendas mês a mês por produto ou serviço, quantos clientes foram atendidos mês à mês e o valor acumulado deles.

Para o RH, quantos empregados, terceirizados e contratados tivemos mês a mês e qual o valor pago de salário, encargos e benefícios. Todas os setores têm informações relevantes, a produção, a manutenção, a administração, o financeiro e todas as demais. Nesta fase é comum que os dados não venham padronizados, um relatório é muito extenso enquanto outro é quase telegráfico. Não é importante relacionar os 190 produtos de baixo valor e que representaram apenas 1% das vendas totais um a um, concentre os dados. O ideal seria ter esses dados de pelo menos 2 anos, mas se não for possível, obtenha os de 2018, comece a criar um banco de dados.

Fase 2 – Financeiro organiza as informações
Essa fase cabe ao setor financeiro que deve organizar, orientar e padronizar o melhor possível esses dados, verificar se aqueles dados e informações estão corretos e analisa-los. As correlações surgirão naturalmente e será possível entender melhor o que cada venda de produto ou serviço adicional ocasiona nos demais setores e vice-versa.

Fase 3 – Diretoria assume
Até chegar nesta fase as eleições já se encerraram caso haja 2º turno, voltaremos a ter possibilidade de cenário para 2019. Os Diretores deverão definir o que esperam para 2019, um moderado crescimento, manutenção do quadro atual ou um grande crescimento, isso pode ser feito somente pela Diretoria/Acionistas como pode envolver os principais gerentes. Com base neste cenário deverão definir como serão as vendas, ou seja, quanto em termos de produtos, serviços e contratos, quando deverão ocorrer e que preços serão praticados. Novamente isso deve ser comunicado aos gerentes, é fundamental.

Fase 4 – integrando as áreas
Na quarta fase, o financeiro que já analisou as informações de todas as áreas elabora em conjunto com elas as linhas principais do planejamento. Por exemplo, se é estimado um grande aumento nas vendas a partir de determinado mês de 2019, precisamos prever se há vendedores suficientes para o atendimento ou serão necessárias novas contratações. Essa informação impactará o RH que deverá prever a contratação, ou não, de novos profissionais. O volume de vendas afetará diretamente a produção, o estoque ou o número de profissionais que prestam serviços.

Fase 5 – Comunicando e engajando as equipes
Todos esses dados e informações reunidos vão oferecer um planejamento para 2019. Essa é a hora de reunir os gerentes e suas equipes, comunicar o que se espera para o ano e os desafios que cada setor da empresa deverá enfrentar.
Começar o ano com um planejamento vai ajudar a toda a empresa a identificar o foco das ações e para que se corrija eventuais desvios de rotas ao longo do caminho, acompanhe mensalmente.

Carlos A Dariani
Diretor Executivo
Moneyuss Consultoria Financeira
cdariani@moneyuss.com.br

Cuidado com a Previdência Privada

Cuidado com a Previdência Privada

Todos que tem pais, avós ou conhecem alguém aposentado pelo INSS sabem da dificuldade que eles passam ao ver seu rendimento sendo corroído ao longo do tempo. Por isso a necessidade de se preparar para não depender exclusivamente do governo. A recente discussão sobre a reforma da previdência acende mais uma luz amarela sobre o tema, certamente as pessoas vão trabalhar mais tempo e se aposentar mais tarde, a reforma é inevitável no curto prazo.

A cada ano que passa a expectativa de vida dos brasileiros aumenta um pouco, devido aos avanços da medicina, qualidade de vida, saneamento básico e outros fatores. Por esta razão, precisamos preparar nossa previdência complementar e não contar unicamente com a aquela do INSS, que é limitada e será corrigida pela inflação, quando muito.

Quanto mais cedo começarmos a nos preparar para esse momento inevitável da aposentadoria, melhor. Quando começamos a reservar uma parte de nosso rendimento aos 20/25 anos temos mais tempo para acumular nossa reserva e podemos contribuir com valores menores. Quanto mais tarde, maior o valor que temos que direcionar para esse fim, pois haverá menos tempo.

Várias pessoas, no entanto, vêm sendo muito mal orientadas pelos gerentes de bancos a fazer Previdência Privada, sem conhecer as vantagens e desvantagens desse investimento e quando descobrem que foram dirigidos a um investimento ruim, há pouco a se fazer.

É preciso entender que o gerente do banco além de cuidar da sua conta é funcionário do banco, tem metas de vendas de seguro, investimento e empréstimo e tem conhecimento limitado sobre os produtos que vende. Ele vai oferecer a você o produto que estiver sendo pressionado a vender e aquele que gera maior comissão, não se engane. É lógico que ele tem algum compromisso com você, mas acredite ele não é seu amigo, não está preocupado com seu futuro e em poucos meses será substituído. É verdade que há exceções, gerentes mais seniores e mais preparados conseguem conciliar essa demanda interna do banco com boas orientações de investimento, no entanto tudo que ele pode oferecer está na prateleira do banco.

Há dois tipos de Previdência Privada vendida pelos bancos a PGBL (Plano gerador de benefício livre) e o VGBL (Vida gerador de benefício livre) cada um deles tem características diferentes. O PGBL oferece uma vantagem fiscal, 100% do montante investido pode ser descontado do seu IR anual até 12% da sua renda. Imagine alguém com rendimento de R$ 100 mil anuais (rendimentos tributáveis) essa pessoa poderá descontar até R$ 12 mil anuais do IR, é um diferimento, uma antecipação que o governo concede para incentivar a investir para sua aposentadoria. No entanto se você investiu R$ 15 mil no ano, uma parte não poderá ser descontada do seu IR anual, você perde a vantagem fiscal e já não é mais atrativo.

Outra característica da Previdência Privada é a forma de cobrança do IR quando houver o resgate e é nesse ponto que as pessoas mal orientadas pelos gerentes dos bancos tomam um susto e muitos frustram seus planos. Há dois tipos de tributação que se pode escolher quando se contrata o Plano de Previdência.

O PGBL oferece duas formas de tributação, a Regressiva Definitiva que vai descontar do valor a ser resgatado de 35% a 10%, conforme o tempo do investimento, mas sobre o total, não apenas sobre o rendimento. Dessa forma se uma pessoa tem R$ 50 mil investidos há mais de 10 anos, quando ela for resgatar sua previdência receberá apenas R$ 45 mil. Outra informação que o gerente do banco não comunica é que esse tempo de investimento é contado da data do depósito.

Uma pessoa vem investindo R$ 1mil reais mensais nos últimos 20 anos e acumulou R$ 240 mil (vamos fazer a conta sem juros para ficar mais claro), nesse caso R$ 120 mil terá alíquota de 10% ou R$ 12 mil, pois estão investidos há mais de 10 anos, os outros R$ 120 mil terão uma alíquota diferente conforme a tabela abaixo:

Prazo                                   Alíquota  IR
Até 2 anos                                    35%
De 2 a 4 anos                              30%
De 4 a 6 anos                              25%
De 6 a 8 anos                              20%
De 8 a 10 anos                            15%
Acima de 10 anos                       10%

A outra forma de tributação é a Progressiva Compensável em que a cada resgate será deduzido 15% de IR sobre o total resgatado e não apenas sobre o rendimento, ainda será necessário informar no ajuste de IR anual e se a pessoa tiver muitas deduções (dependentes, plano de saúde, educação e etc) pode vir a ter uma restituição.
O VGBL tem a tributação igual ao PGBL com a diferença que o IR incide somente sobre o rendimento, não sobre o total investido.

Outro detalhe em relação ao VGBL é que em geral o primeiro resgate somente pode ser feito após 6 meses de capitalização e os demais a cada 60 dias. O VGBL tem uma vantagem no caso de morte do investidor, pois os valores investidos vão para os herdeiros indicados sem passar pelo inventário, facilitando e simplificando a transmissão de bens.

Para os planos há a taxa de administração dos fundos e, além disso, há outro custo adicional que é chamado de taxa de carregamento, geralmente cobrada pelos bancos abaixo de determinado valor investido que é uma cobrança inexplicável e sem sentido, funciona como uma punição quando houver portabilidade ou porque tem um montante menor investido.

Recentemente soube de um caso em que uma pessoa se aposentou e recebeu seu FGTS e a rescisão que somou mais de R$ 200 mil reais. No banco o gerente indicou que o melhor investimento era um PGBL e o investimento foi feito de uma única vez. Essa pessoa continuou trabalhando por mais algum tempo e começou a fazer planos de trocar de casa. Foi verificar seus investimentos e descobriu que o imposto seria enorme sobre o total investido, pois a indicação também foi pelo imposto progressivo e que faltaria recursos para a compra da casa. Essa pessoa não apenas deixou de ter benefícios do diferimento do IR como também foi levado a erro por uma péssima orientação do gerente do banco.

Há várias formas de investir que oferecem rendimentos iguais e maiores que os planos de previdência e que podem ser modelados para as várias necessidades de vida de cada um. A previdência privada não é um mal investimento, mas é preciso conhecê-la e principalmente ser adequada ao seu momento de vida.

A melhor forma de investir, principalmente valores maiores, é consultar um profissional de finanças ou uma consultoria, não seu gerente do banco, poucas horas de consulta podem evitar muitos problemas no futuro.

Responda rápido, quanto renderam seus investimentos nos últimos 3 meses?

Responda rápido, quanto renderam seus investimentos nos últimos 3 meses?

Responda rápido, quanto renderam seus investimentos nos últimos 3 meses? OK, pergunta difícil. Quanto renderam seus investimentos no último ano? No ano passado? Renderam mais que a inflação?
Se você não soube responder nenhuma dessas perguntas, não se culpe, a maior parte das pessoas não sabe mesmo responder a estas questões.
Não sabe responder se há investimentos iguais que pagam mais, não sabem a que taxa daquele CDB, não sabe se o banco está remunerando sua “aplicação” conforme foi prometido pelo gerente, não sabe se há ou qual é a taxa de administração daquele fundo que você tem aplicado. Não sabe o risco, ou a garantia, daquela “aplicação”. Em geral sabe muito pouco.
As pessoas não pensam em termos de investimento, todos tem lá uma poupança, uma reserva, alguns bem mais que isto, mas não tratam esses valores como investimento. Há uma percepção de que é muito complicado, muito arriscado e demanda muito tempo.
Pare para pensar, quanto tempo você gasta para ganhar o seu dinheiro, se ganhou uma herança, quanto tempo demorou para alguém acumular esse dinheiro? É preciso tratar essa “poupança”, essa “reserva” como investimento e, sim, vai ser preciso algum tempo, muito pouco é verdade.
O tamanho do risco é você que escolhe, tem gente que está disposta a correr mais risco, outras menos, chamamos isso de grau de aversão ao risco. Voce pensou agora – Não falei que é muito complicado?. Calma, é muito menos complicado que deixar seu dinheiro no banco rendendo menos que a inflação, ou menos do que poderia e daqui alguns anos descobrir que com o dinheiro que guardou daquele apartamento que vendeu, você não compra outro igual.
Os investimentos devem fazer seu dinheiro crescer, devem garantir a realização daqueles seus sonhos, ou garantir um complemento na sua aposentadoria ou a educação de seus filhos, ajuda-los a comprar seu 1º apartamento, ou todos eles juntos, seja lá quais forem os objetivos, seus investimentos vão servir para isto, mas o mais importante deve te dar segurança.
O gerente do banco, que é muito boa gente, só pode oferecer para você aquilo que ele tem na prateleira, além disso, ele tem metas e é comissionado pelo banco por cada centavo de investimento que você faz. Portanto, se a met
a daquele mês é a Previdência Privada, ele vai te apresentar o PGBL ou VGBL como o melhor e mais fantástico investimento que pode ser feito, e foi talhado para seu perfil, sem alertar você de forma clara sobre a restrição no resgate, a alíquota enorme de imposto de renda e todas as exigências, restrições e custos.
Às vezes nos socorremos das pessoas mais próximas, mais jovens, ou mais ligadas, que sabem o que é a SELIC, o CDI e algumas outras siglas misteriosas do mercado financeiro, mas… cuidado.
Faça as mesmas pergunta do início do texto a eles, se não souberem agradeça as dicas, está na hora de procurar ajuda ou aprender um pouco mais.
Semanalmente vamos abordar com calma e delicadeza todos estes temas, certamente você não vai se tornar um operador da Bolsa de Valores, mas vai aprender a fazer as perguntas que te ajudarão a tomar decisões de investimento melhores.

Carlos A Dariani

Exportar é preciso II

Exportar é preciso II

No artigo anterior comentamos como é importante que as empresas, todas elas, tenham uma parte da sua receita decorrente de exportações e que essa estratégia não deveria ser posta em prática apenas quando o real se desvaloriza ou quando o mercado interno se retrai.
No entanto, como dissemos, mais que exportar é preciso se preparar para ser uma empresa com mentalidade internacional.
Infelizmente muitas empresas que buscam vender para o mercado exterior somente para aproveitar o câmbio favorável ou a demanda interna em queda, não conseguem manter a exportação por muito tempo, as vezes por muito pouco tempo.
Como estamos no Brasil, as empresas que se iniciarem neste mercado enfrentarão vários obstáculos, um deles é a burocracia, que é enorme, mas a contratação de uma empresa especializada em despacho aduaneiro ou consultoria em comercio exterior pode ajudar as empresas a supera-los. Mas, fique atento, vai haver custos envolvidos.
Outro problema recorrente é que os benefícios que o governo criou para os exportadores que é a recuperação parcial ou integral dos tributos residuais na cadeia produtiva, no caso de produto manufaturado, por exemplo, são difíceis de alcançar. Novamente a burocracia da Receita Federal e do governo vão tornar este caminho de recuperar impostos bastante longo e complicado, principalmente para quem nunca exportou ou não está acostumado é um enorme problema.
Mas também há solução para isto. Existem boas empresas especializadas neste tramite que, mediante um percentual, recuperam estes impostos.
Superados estes problemas fiscais e de tramites alfandegários, entramos no maior problema, aquele que diz respeito às empresas. É justamente neste ambiente que os projetos de exportação podem definhar ou mesmo gerar um resultado muito diferente do esperado.
Um erro comum aos iniciantes é transformar o valor em reais de seu produto, vendido aqui no Brasil, em dólares. Vamos explicar melhor, uma empresa tem um produto com preço de venda no mercado interno de R$ 10 mil e um cliente internacional pediu uma cotação em 23 de setembro. Ora, com o câmbio a R$ 4,14 naquela data o preço de venda em dólares é facilmente calculado em US$ 2,416.
No mesmo dia o cliente internacional coloca seu pedido de 100 peças e a empresa, feliz por ter conseguido exportar neste momento de mercado retraído, pede até 20 dias para despachar a mercadoria. Produção ativada e em 08 de outubro, tudo pronto. No dia seguinte a mercadoria foi despachada, mas o câmbio mudou, nesta data ele vale R$ 3,76 por dólar.
A receita contratada de US$ 241,600 a um câmbio de R$ 4,14 por dólar representaria R$ 1.000.224,00. No entanto na data da exportação contratou o câmbio do dia, R$ 3,76 por dólar, que multiplicado pelo valor contratado de US$ 241,600 pelas 100 unidades representava um valor menor, R$ 908.416,00.
Houve uma redução de R$ 91.808,00 entre a receita esperada e a realizada, a receita foi frustrada em 9,2%. Além disso teve de arcar com custos adicionais do despachante aduaneiro e da empresa que recuperará parte dos impostos.
A sensação da empresa é de que o comercio exterior não é vantajoso, ganharia mais se vendesse com 5% de desconto no mercado interno, além de todo o trabalho adicional.
Em outubro novo pedido de mais 100 peças, bom para a empresa que não fica com ociosidade. A empresa refaz a conta de seu preço com o câmbio a R$ 3,80 e o preço de seu produto em dólares agora é de US$ 2,660. No entanto, dessa vez o pedido não veio, o cliente do exterior não aceitou um aumento de 10% e comunicou a empresa aqui no Brasil. Afinal esse cliente do exterior quer regularidade, na entrega, na qualidade e no preço.
Todos na empresa ficaram indignados pois o preço não subiu, afinal o que variou foi o dólar, perderam dinheiro com a primeira entrega e depois os clientes não quiseram mais. Conclusão; esse negócio de exportar é muito complicado e não é vantajoso.
Esta história acontece com frequência de forma mais ou menos igual e não é porque a empresa não tem um produto exportável, mas porque ela não pensa internacionalmente.
Nos mercados desenvolvidos como, EUA, Canadá e nos países europeus os preços variam muito pouco, pois eles têm uma inflação muito baixa e não tem o conceito de indexação de preços como nós, acostumados com a inflação. Além disso o mercado é muito competitivo e variações de preços acima de 1% ou 2% não são usuais, nem mesmo anualmente. Variações de preços superiores a este percentual somente são aceitos em commodities, como minério de ferro, soja e etc. Isso ocorre porque para esses produtos a formação de preços é internacional e tem relação direta com oferta e demanda.
O ideal para as empresas que se iniciam no mercado internacional é, primeiramente conhecer o preço internacional do produto similar ao seu, ou seja, quanto é o preço pago em dólares pelo seu potencial cliente.
Em segundo lugar devemos analisar com um pouco mais de detalhes os impostos e custos envolvidos para aquisição desses produtos para aquele mercado específico.
Em terceiro lugar, devemos ter uma tabela de preços em dólar que não seja a simples conversão do dólar do dia, mas a apropriação dos custos e benefícios com a exportação e a utilização de um dólar de referência que seja um piso das variações do câmbio, principalmente depois de uma grande desvalorização como ocorreu no Brasil.
Por último, podemos ajustar o preço para cada mercado, pois vender produtos para o Mercosul pode ter mais vantagens aduaneiras (menos impostos para o comprador) que a aquisição de produto similar vindo do leste europeu.
No caso de nossa empresa fictícia, se ela tivesse ficado atenta aos passos anteriores, descobriria que o valor por produto similar no mercado internacional era de US$ 2,850. Ela deveria ter utilizado um câmbio de referência, por exemplo o piso das variações recentes, algo como R$3,70.
O preço de seu produto poderia seria ofertado a US$ 2,703, desde o início e no momento do fechamento do câmbio, quando da exportação, ela teria um valor maior a receber, uma vez que o Real se desvalorizou mais.
É natural considerar que as empresas exportadoras absorvam uma margem maior nessas situações, pois isso evita repassar variações de preços que não são comumente aceitas e ainda assim oferece um preço ao comprador menor que o que ele pagava anteriormente.
No entanto, a empresa deve buscar a manutenção de sua tabela de preços internacional mesmo que o câmbio oscile no médio prazo, dentro de uma banda aceitável. Para manter o preço é necessário melhoria contínua e absorção de novos processos produtivos, sempre buscando reduzir seu custo.
Isso garantirá que a empresa seja uma empresa exportadora e que parte de sua receita venha do exterior. Vamos exportar!

Carlos A Dariani

Exportar é preciso

Exportar é preciso

Todas as vezes que o dólar se valoriza, há um coro geral na economia de que “agora sim poderemos exportar”. Entrevistas na mídia, economistas, ministros, todos uníssonos, afirmando que agora é a hora.
Geralmente quando uma moeda é desvalorizada, como é o caso do Real, é porque o conjunto da economia está dando sinais de fraqueza, ou há uma grave incerteza pela frente. E nesse momento, quando a economia vai mal, as vendas caem, os juros sobem, o credito some ou se torna proibitivo. A saída tradicional é trabalhar mais, cortar margem, cortar custos e demitir o estritamente necessário e, lógico, exportar.
A realidade no Brasil, infelizmente, é que somos um país muito fechado, isso quer dizer que a nossa corrente de comercio, que é a soma do que exportamos e importamos em relação ao nosso PIB é muito baixa. Em 2014 exportamos 225 bilhões, apenas 11,5% do PIB enquanto a média mundial segundo o Banco Mundial é de 29,8%. Apenas como referência o México exporta mais de 30% de seu PIB, o Brasil só exporta mais que o Afeganistão, Burundi, Sudão, República Centro-Africana e Kiribati.
Podemos fazer um tratado econômico sobre as razões que nos levaram a esta situação, criticar governos e políticas, agencias e conjunturas nacionais e internacionais, o custo Brasil, mas isso não resolverá nosso problema, nem haveria espaço para tanto.http://moneyuss.com.br/wp-admin/media-upload.php?post_id=592&type=image&TB_iframe=1
No entanto, podemos simplesmente ser pragmáticos, analisar a situação atual e buscarmos saídas.
No mundo ideal, todas as empresas, teriam uma parte de sua receita vinda do exterior. Elas exportariam para todo o mundo.
A exportação ajuda a manter as empresas, os empregos, os impostos, o país se recupera, a demanda interna aumenta e, de repente, não há mais condições de exportar, toda a capacidade de produção foi absorvida. Além disso, muito provavelmente o Real deve ter tido alguma valorização. Essa é a história real.
No entanto, todas as empresas deveriam buscar o mercado internacional pelos motivos certos;
1º Estratégia – Quando temos uma parte da receita em outra moeda e atendendo outros mercados, conseguimos mais facilmente compensar os mercados que não estão indo tão bem, conseguimos diversificar.
2º Qualidade – Para exportar é preciso padrão de qualidade, que envolve não só o produto em si, mas o prazo de entrega aceitável e sempre confiável, quantidades e variedades corretas e uma série de outros fatores que determinam o padrão de qualidade. Quando as empresas internalizam essa qualidade no processo criam um diferencial em qualquer mercado, inclusive no mercado interno.
3º Produtividade – É preciso ter preço competitivo adequado ao padrão de qualidade do produto ofertado, isso exige rever e simplificar processos, cortar custos desnecessários, desenvolver materiais e fornecedores. Somente dessa forma é possível que continuemos exportando quando o Real se valorizar. Acredite, isso vai acontecer num futuro não tão distante, as economias são cíclicas.
As empresas que seguem exportando mesmo depois das crises cambiais se tornam internacionalizadas, conhecem as últimas novidades, os novos materiais, as novas técnicas e novos usos.
A exportação não deveria ser somente uma saída para a crise brasileira, mesmo porque em geral, é um processo mais demorado. Os compradores internacionais não conhecem a empresa, nem a qualidade do produto, não sabem se entregarão no prazo ou sortimento combinado. Ocorre uma primeira compra, eles analisarão todos estes aspectos, vem um segundo pedido e novamente outra avaliação e depois de um tempo se estabelece uma relação de confiança, a empresa passa a ser reconhecida por aquele padrão de qualidade.
Quando a empresa é reconhecida como exportadora, faz isso regularmente todo o tempo, o mercado internacional fica aberto, pois se a empresa exporta constantemente para os países “A”, “B” e “C” é porque ela é um player internacional. Significa dizer que o mercado internacional reconhece que ela tem padrão de qualidade, que respeita prazo de entrega, que tem preço competitivo e todas as demais condições.
O momento é oportuno para iniciar esta mudança, mas o caminho ainda reserva perigos, em breve abordaremos este tema novamente.

Carlos A Dariani

Oportunidades na crise

Oportunidades da crise

Em meio ao cenário delicado da economia brasileira, com o PIB em queda, inflação e desemprego em alta e um ambiente político bastante incerto, costumamos não enxergar mais adiante. Algumas pessoas simplesmente paralisam, mas a crise, como todas antes delas e todas depois dessa, são passageiras.
As cicatrizes que elas deixam as vezes não são tão passageiras, mas temos que reagir, afinal as empresas continuam operando, nossos filhos estão na escola, as pessoas continuam trabalhando, o mundo real tem de seguir em frente.
Nesses momentos surgem algumas oportunidades de investimento muito interessantes que devemos aproveitar. Não se assuste, não vou falar da Bolsa de Valores e ações que estão baratas, embora em alguns casos seja verdade.
O governo continuamente emite títulos para “rolar” sua dívida e quando os juros estão altos como agora, tem de oferecer condições que atraiam os investidores. Em outras palavras, ele oferece taxas muito boas, como se pagasse um prêmio, um adicional, para o mercado continuar comprando seus títulos.
No Tesouro Direto, você deve ter ouvido falar, é possível encontrar esses investimentos à disposição de qualquer investidor e qualquer valor a partir de R$ 100 reais. Uma das melhores opções no momento é a NTN-B Principal, com vencimento em 2019, 2024 e 2035, que oferecem juros de 7,30% a 7,47% ao ano mais a variação da inflação.
Funciona assim, você investe seu dinheiro e em 2019, 2024 ou 2035, aquele que escolher e o Tesouro Direto credita na sua conta o valor que você investiu corrigido anualmente pela inflação mais os juros contratados. É um excelente investimento, não só porque são juros reais, mas porque se consegue travar esses juros, mesmo quando os juros do mercado cair. A cada 10 anos o valor real – depois de descontada a inflação – dobra.
Esse investimento oferece uma proteção contra a inflação e ao mesmo tempo contrata uma taxa de juros muito boa por vários anos.

O que é preciso saber sobre a NTN-B principal é que os juros contratadas são garantidos no vencimento do título. É possível resgata-la a qualquer momento, no entanto, ela pode variar conforme a expectativa de juros do mercado. Há incidência de IR, como quase todo investimento e ele é regressivo chegando a 15% depois de 2 anos.
Você está pensando que é muito tempo, pense bem na sua reserva para aposentadoria ou na educação de seus filhos e outra coisa muito importante, diversifique, não coloque todos os ovos na mesma cesta.