Boas notícias para a Economia no 2º semestre

Boas notícias para a Economia no 2º semestre

As boas notícias da economia, com o crescimento acima do esperado do PIB no 1º trimestre de 1,2%, reforçam a necessidade de uma revisão mais positiva para o cenário de 2021.

Embora os indicadores conjunturais apontem para uma retomada  estruturada, alguns analistas e economistas, preferem se agarrar às incertezas, que sempre estarão presentes.

O objetivo deste artigo é orientar as empresas para se preparem para um 2º semestre mais aquecido, isso significa mais atividade econômica e mais oportunidades.

A economia apresenta fundamentos que sustenta uma perspectiva positiva e que iremos explorar neste artigo

O PIB do 1º trimestre apresentado pelo IBGE mostra crescimento de todos os setores da economia e reforça a consistência da recuperação no trimestre, a Industria cresceu 0,7%, o setor de Serviços 0,4% e o Agropecuário 5,7%, esse crescimento sobre o PIB de 3,2% no quarto trimestre de 2020.

O IBC-BR, que é uma previa do PIB elaborada pelo Banco Central indica um crescimento de 0,44% em abril, mesmo com o recrudescimento de medidas de paralisação de setores econômicos em alguns estados durante o mês em razão da pandemia. Em comparação com abril de 2020 o crescimento foi de 15,92%.

A previsão para o PIB, que no final de 2020 era de 4,5% foi revista para menos de 4% e em artigo de março de 2021, no Linkedin,   https://www.linkedin.com/pulse/o-que-esperar-para-2021-carlos-dariani/?trackingId=f0wubpcp5Am4urPhEJ%2BtzQ%3D%3D, alertamos que não havia fundamento para a redução da previsão do PIB.

Para 2021, diante do cenário atual, a previsão foi alterada para 4,5% pelo Banco Mundial, mas há previsões de crescimento de 5%.

Fonte: Banco Mundial

Surgiram algumas análises na mídia em relação à estimativa acima do Banco Mundial, alegando que o Brasil crescerá menos que Chile, Argentina, Peru, Colômbia e México, no entanto é preciso esclarecer que em 2020, o México teve um PIB de -8,3%, a Argentina de -12,3%, o Peru de -11,1%, da Colômbia de -6,8% e do Chile de -5,8%. Considerando o PIB de 2020, o Brasil será o único país, dos mencionados, que tem uma estimativa de crescimento que supera a queda do ano anterior.

Outro fator importante foi o forte crescimento da FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) que é o nome técnico para investimento que foi puxado principalmente pelo setor de Máquinas e Equipamentos, alcançando 17% sobre o mesmo trimestre do ano de 2020 e 4,6% sobre o 4º trimestre de 2020. A taxa de investimento do trimestre (FBCF/PIB) foi de 19,4%.

Isso revela que os empresários estão acreditando no crescimento da economia e estão investindo em máquinas e equipamentos, nacionais e importados.

Como era esperado o Consumo das Famílias foi negativo em 0,1% e o Consumo do Governo negativo 0,8% no 1º trimestre. O Auxílio Emergencial que foi retomado em abril e a recuperação dos empregos, aliados a um quadro de recuperação econômica devem reverter o Consumo das Famílias para um índice positivo no 2º semestre. Em relação ao Consumo do Governo, não se pode esperar muito, com o teto de gastos e o crescimento das despesas obrigatórias sobra muito pouco, e cada vez menos, para o Governo Federal, no entanto os Estados e Municípios tem caixa e devem contribuir para estabilizar o Consumo do Governo

No front externo, nosso comercio exterior está exportando como nunca, o crescimento das exportações de janeiro-maio de 2021 em relação a 2020 foi de 30,6%, as importações cresceram 20,9% e o saldo da balança comercial foi de US$ 27,1 bilhões, crescimento de 71,7% em relação a 2020.

Na comparação com a série histórica, desde 1997, no mesmo período esse foi o maior valor exportado e o maior saldo comercial, segundo a Siscomex.

Com o preço das commodities em alta, o câmbio favorece as exportações e soja e minério de ferro vão puxando a fila, no entanto, não apenas o preço fez a diferença o volume exportado também é o maior da série histórica desde 2017 segundo o Monitor de Comercio Exterior do Governo Federal.

Com esse quadro de elevado saldo comercial,  a volta dos investidores na bolsa de valores, o Investimento Estrangeiro Direto que cresceu 49,1% entre jan/abr de 2021 comparado a 2020, depois de uma queda grande em 2020 com relação a 2019. Aliado a uma política fiscal e monetária expansionista dos EUA e o saldo das transações correntes positivo, o câmbio volta a um patamar menor e a estimativa é que o Dólar termine o ano em R$ 5,2 / R$ 5,3, oscilando durante o ano até menos que R$ 5,0

A inflação será um grande desafio para o Banco Central, a meta de 3,75% para 2020 com a banda de variação superior de 1,5% permitiria que se chegasse a 5,25%. A desorganização da economia, a reposição de estoques, o preço em alta das comodities, a crise hídrica e a retomada do preço internacional do petróleo, pressionarão muito os preços. A expectativa é que o IPCA arrefeça no 2º semestre, mas a previsão é que ele termine entre 5,0% e 5,5%, mas há incertezas sobre a efetividade das ações do BC e do comportamento dos preços, portanto, essas estimativas podem sofrer alterações.

Esse aumento da inflação, por sua vez, vai fazer com que o BC, como já anunciado, aumente a Selic para um índice maior que a inflação, devendo chegar em 6,5% até o final do ano.

A taxa de desemprego, embora apresente uma queda em relação ao planejado em 2020, ainda é muito alta e será outro grande desafio dos governos, principalmente para os informais. À medida que a vacinação for avançando deve haver melhoras, mas insuficientes para chegarmos ao nível pré-pandemia.

O quadro fiscal apresenta boas notícias face ao crescimento das Receitas do Governo, que tornou a base estatística maior e reduziu a dívida em percentagem do PIB. Era esperado em 2020 uma dívida na casa dos 90% do PIB ou pouco menos e agora é esperado terminarmos 2021 entre  82% / 84%.

Os dados mostram que a recuperação do Brasil é maior que média dos países da América Latina e da OCDE, nada parecido com algumas notícias distorcidas, no entanto, mesmo crescendo 4,5% ou mais voltamos ao patamar de 2019, é como se perdêssemos praticamente 1 ano.

O país tem muito a fazer, o desemprego é uma preocupação real que será castigado por uma inflação em alta no curto prazo, o quadro fiscal, embora apresente boas notícias, continua estruturalmente merecendo cuidados e acompanhamento. Por outro lado, a aprovação da privatização da Eletrobrás, o andamento das reformas Administrativas e Tributária trazem novo fôlego para a economia e boas perspectivas.

O contexto geral indica um 2º semestre mais aquecido e com boas perspectivas de retomada e crescimento.

Carlos A Dariani

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