Cuidado com a Previdência Privada

Cuidado com a Previdência Privada

Cuidado com a Previdência Privada

Todos que tem pais, avós ou conhecem alguém aposentado pelo INSS sabem da dificuldade que eles passam ao ver seu rendimento sendo corroído ao longo do tempo. Por isso a necessidade de se preparar para não depender exclusivamente do governo. A recente discussão sobre a reforma da previdência acende mais uma luz amarela sobre o tema, certamente as pessoas vão trabalhar mais tempo e se aposentar mais tarde, a reforma é inevitável no curto prazo.

A cada ano que passa a expectativa de vida dos brasileiros aumenta um pouco, devido aos avanços da medicina, qualidade de vida, saneamento básico e outros fatores. Por esta razão, precisamos preparar nossa previdência complementar e não contar unicamente com a aquela do INSS, que é limitada e será corrigida pela inflação, quando muito.

Quanto mais cedo começarmos a nos preparar para esse momento inevitável da aposentadoria, melhor. Quando começamos a reservar uma parte de nosso rendimento aos 20/25 anos temos mais tempo para acumular nossa reserva e podemos contribuir com valores menores. Quanto mais tarde, maior o valor que temos que direcionar para esse fim, pois haverá menos tempo.

Várias pessoas, no entanto, vêm sendo muito mal orientadas pelos gerentes de bancos a fazer Previdência Privada, sem conhecer as vantagens e desvantagens desse investimento e quando descobrem que foram dirigidos a um investimento ruim, há pouco a se fazer.

É preciso entender que o gerente do banco além de cuidar da sua conta é funcionário do banco, tem metas de vendas de seguro, investimento e empréstimo e tem conhecimento limitado sobre os produtos que vende. Ele vai oferecer a você o produto que estiver sendo pressionado a vender e aquele que gera maior comissão, não se engane. É lógico que ele tem algum compromisso com você, mas acredite ele não é seu amigo, não está preocupado com seu futuro e em poucos meses será substituído. É verdade que há exceções, gerentes mais seniores e mais preparados conseguem conciliar essa demanda interna do banco com boas orientações de investimento, no entanto tudo que ele pode oferecer está na prateleira do banco.

Há dois tipos de Previdência Privada vendida pelos bancos a PGBL (Plano gerador de benefício livre) e o VGBL (Vida gerador de benefício livre) cada um deles tem características diferentes. O PGBL oferece uma vantagem fiscal, 100% do montante investido pode ser descontado do seu IR anual até 12% da sua renda. Imagine alguém com rendimento de R$ 100 mil anuais (rendimentos tributáveis) essa pessoa poderá descontar até R$ 12 mil anuais do IR, é um diferimento, uma antecipação que o governo concede para incentivar a investir para sua aposentadoria. No entanto se você investiu R$ 15 mil no ano, uma parte não poderá ser descontada do seu IR anual, você perde a vantagem fiscal e já não é mais atrativo.

Outra característica da Previdência Privada é a forma de cobrança do IR quando houver o resgate e é nesse ponto que as pessoas mal orientadas pelos gerentes dos bancos tomam um susto e muitos frustram seus planos. Há dois tipos de tributação que se pode escolher quando se contrata o Plano de Previdência.

O PGBL oferece duas formas de tributação, a Regressiva Definitiva que vai descontar do valor a ser resgatado de 35% a 10%, conforme o tempo do investimento, mas sobre o total, não apenas sobre o rendimento. Dessa forma se uma pessoa tem R$ 50 mil investidos há mais de 10 anos, quando ela for resgatar sua previdência receberá apenas R$ 45 mil. Outra informação que o gerente do banco não comunica é que esse tempo de investimento é contado da data do depósito.

Uma pessoa vem investindo R$ 1mil reais mensais nos últimos 20 anos e acumulou R$ 240 mil (vamos fazer a conta sem juros para ficar mais claro), nesse caso R$ 120 mil terá alíquota de 10% ou R$ 12 mil, pois estão investidos há mais de 10 anos, os outros R$ 120 mil terão uma alíquota diferente conforme a tabela abaixo:

Prazo                                   Alíquota  IR
Até 2 anos                                    35%
De 2 a 4 anos                              30%
De 4 a 6 anos                              25%
De 6 a 8 anos                              20%
De 8 a 10 anos                            15%
Acima de 10 anos                       10%

A outra forma de tributação é a Progressiva Compensável em que a cada resgate será deduzido 15% de IR sobre o total resgatado e não apenas sobre o rendimento, ainda será necessário informar no ajuste de IR anual e se a pessoa tiver muitas deduções (dependentes, plano de saúde, educação e etc) pode vir a ter uma restituição.
O VGBL tem a tributação igual ao PGBL com a diferença que o IR incide somente sobre o rendimento, não sobre o total investido.

Outro detalhe em relação ao VGBL é que em geral o primeiro resgate somente pode ser feito após 6 meses de capitalização e os demais a cada 60 dias. O VGBL tem uma vantagem no caso de morte do investidor, pois os valores investidos vão para os herdeiros indicados sem passar pelo inventário, facilitando e simplificando a transmissão de bens.

Para os planos há a taxa de administração dos fundos e, além disso, há outro custo adicional que é chamado de taxa de carregamento, geralmente cobrada pelos bancos abaixo de determinado valor investido que é uma cobrança inexplicável e sem sentido, funciona como uma punição quando houver portabilidade ou porque tem um montante menor investido.

Recentemente soube de um caso em que uma pessoa se aposentou e recebeu seu FGTS e a rescisão que somou mais de R$ 200 mil reais. No banco o gerente indicou que o melhor investimento era um PGBL e o investimento foi feito de uma única vez. Essa pessoa continuou trabalhando por mais algum tempo e começou a fazer planos de trocar de casa. Foi verificar seus investimentos e descobriu que o imposto seria enorme sobre o total investido, pois a indicação também foi pelo imposto progressivo e que faltaria recursos para a compra da casa. Essa pessoa não apenas deixou de ter benefícios do diferimento do IR como também foi levado a erro por uma péssima orientação do gerente do banco.

Há várias formas de investir que oferecem rendimentos iguais e maiores que os planos de previdência e que podem ser modelados para as várias necessidades de vida de cada um. A previdência privada não é um mal investimento, mas é preciso conhecê-la e principalmente ser adequada ao seu momento de vida.

A melhor forma de investir, principalmente valores maiores, é consultar um profissional de finanças ou uma consultoria, não seu gerente do banco, poucas horas de consulta podem evitar muitos problemas no futuro.