Exportar é preciso

Exportar é preciso

Exportar é preciso

Todas as vezes que o dólar se valoriza, há um coro geral na economia de que “agora sim poderemos exportar”. Entrevistas na mídia, economistas, ministros, todos uníssonos, afirmando que agora é a hora.
Geralmente quando uma moeda é desvalorizada, como é o caso do Real, é porque o conjunto da economia está dando sinais de fraqueza, ou há uma grave incerteza pela frente. E nesse momento, quando a economia vai mal, as vendas caem, os juros sobem, o credito some ou se torna proibitivo. A saída tradicional é trabalhar mais, cortar margem, cortar custos e demitir o estritamente necessário e, lógico, exportar.
A realidade no Brasil, infelizmente, é que somos um país muito fechado, isso quer dizer que a nossa corrente de comercio, que é a soma do que exportamos e importamos em relação ao nosso PIB é muito baixa. Em 2014 exportamos 225 bilhões, apenas 11,5% do PIB enquanto a média mundial segundo o Banco Mundial é de 29,8%. Apenas como referência o México exporta mais de 30% de seu PIB, o Brasil só exporta mais que o Afeganistão, Burundi, Sudão, República Centro-Africana e Kiribati.
Podemos fazer um tratado econômico sobre as razões que nos levaram a esta situação, criticar governos e políticas, agencias e conjunturas nacionais e internacionais, o custo Brasil, mas isso não resolverá nosso problema, nem haveria espaço para tanto.http://moneyuss.com.br/wp-admin/media-upload.php?post_id=592&type=image&TB_iframe=1
No entanto, podemos simplesmente ser pragmáticos, analisar a situação atual e buscarmos saídas.
No mundo ideal, todas as empresas, teriam uma parte de sua receita vinda do exterior. Elas exportariam para todo o mundo.
A exportação ajuda a manter as empresas, os empregos, os impostos, o país se recupera, a demanda interna aumenta e, de repente, não há mais condições de exportar, toda a capacidade de produção foi absorvida. Além disso, muito provavelmente o Real deve ter tido alguma valorização. Essa é a história real.
No entanto, todas as empresas deveriam buscar o mercado internacional pelos motivos certos;
1º Estratégia – Quando temos uma parte da receita em outra moeda e atendendo outros mercados, conseguimos mais facilmente compensar os mercados que não estão indo tão bem, conseguimos diversificar.
2º Qualidade – Para exportar é preciso padrão de qualidade, que envolve não só o produto em si, mas o prazo de entrega aceitável e sempre confiável, quantidades e variedades corretas e uma série de outros fatores que determinam o padrão de qualidade. Quando as empresas internalizam essa qualidade no processo criam um diferencial em qualquer mercado, inclusive no mercado interno.
3º Produtividade – É preciso ter preço competitivo adequado ao padrão de qualidade do produto ofertado, isso exige rever e simplificar processos, cortar custos desnecessários, desenvolver materiais e fornecedores. Somente dessa forma é possível que continuemos exportando quando o Real se valorizar. Acredite, isso vai acontecer num futuro não tão distante, as economias são cíclicas.
As empresas que seguem exportando mesmo depois das crises cambiais se tornam internacionalizadas, conhecem as últimas novidades, os novos materiais, as novas técnicas e novos usos.
A exportação não deveria ser somente uma saída para a crise brasileira, mesmo porque em geral, é um processo mais demorado. Os compradores internacionais não conhecem a empresa, nem a qualidade do produto, não sabem se entregarão no prazo ou sortimento combinado. Ocorre uma primeira compra, eles analisarão todos estes aspectos, vem um segundo pedido e novamente outra avaliação e depois de um tempo se estabelece uma relação de confiança, a empresa passa a ser reconhecida por aquele padrão de qualidade.
Quando a empresa é reconhecida como exportadora, faz isso regularmente todo o tempo, o mercado internacional fica aberto, pois se a empresa exporta constantemente para os países “A”, “B” e “C” é porque ela é um player internacional. Significa dizer que o mercado internacional reconhece que ela tem padrão de qualidade, que respeita prazo de entrega, que tem preço competitivo e todas as demais condições.
O momento é oportuno para iniciar esta mudança, mas o caminho ainda reserva perigos, em breve abordaremos este tema novamente.

Carlos A Dariani